A Tirania do Mérito.

O novo livro do Sandel se propõe a discutir o conflito que a meritocracia trouxe ao debate sobre o bem comum. Passando pro uma visão histórica e ilustrando a contradição inclusive religiosa entre mérito, merecimento, justiça divina e justiça social, o livro esmiuça bem a questão.
Não há resposta óbvia para esse dilema, mas é impossível deixar de perceber que a aceleração dos tempos do capital, está gerando concentrações de renda que vão muito além da meritocracia.
Fica a dica do Livro.

A meritocracia de calçada e boteco que tanto vemos por ai (e, infelizmente, em colunas de opinião dos Jornais) é uma subversão da ideia de mérito. É sua captura como ideologia legitimadora de privilegios - o justo avesso do mérito. A ideia de mérito, em sua versão mais radical, não é de se jogar fora.
Qual é a ideia?
Originalmente, que o destino social das pessoas deveria estar desassociado de sua origem. Depois, houve quem levasse a ideia adiante: o destino social deverria estar desassociado de qualquer atributo social tal como classe, raça, sexo/gênero. Há quem leve a ideia ainda mais adiante: deve estar dessaciado até de certas "habilidades" biológicamente herdadas. Ou seja, a ideia radicaliza que a variação das posições e do acesso às riquezas devem depender do que as pessoas fazem de suas vidas, não de suas condições, digamos pra simplificar, herdadas. Portanto, dada uma situação histórica desigual, a distribuição das condições deve ser tal que permita essas desassociações de origem/destino.
Levada a sério, o ideal meritocrático justifica cotas, imposto sobre herança etc etc etc. É radicalmente redistributivo.
Ainda assim, a críticas razoáveis a esse ideal. Mas essa é outra história.


Aproveito para destacar que a Peak School - Ensino fundalmental do Colégio Itatiaia - está agora na Bela Vista.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Heutagogia

O Aprendiz 4 - O sócio.

V EGEPE – Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas