reunião anual do Global Consortium of Entrepreneurship Centers

Gostaria de compartilhar com vocês minha participação na reunião anual do Global Consortium of Entrepreneurship Centers ocorrido na semana passada na Penn State University. Os pontos principais do encontro estão descritos abaixo:

O encontro anual aconteceu entre os dias 21 e 23 de outubro. Foram mais de 200 escolas representadas, de 18 países. Além de 5 sessões plenárias, 25 sessões paralelas divididos em 5 temas contaram com apresentações das escolas sobre suas melhores práticas, a saber:

- Tema 1: Desenvolvimento dos centros (apresentei o Cemp na sessão sobre Pequenos Centros)

- Tema 2: Iniciativas conduzidas por alunos

- Tema 3: Empreendedorismo e tecnologia

- Tema 4: Educação Empreendedora (Apresentei o Empreenda na sessão sobre Competições de planos de negócios e apresentei uma técnica de ensino de Empreendedorismo Corporativo na sessão sobre técnicas de ensino inovadoras)

- Tema 5: Impacto dos programas de empreendedorismo

As 5 sessões plenárias tiveram como temas:

- Construindo um programa com impacto social, as lições da India.

- Promovendo experiências reais para uma grande quantidade de alunos, as lições da Europa Central.

- Como as redes impactam a educação empreendedora

- Modelos de empreendedorismo social escaláveis

- Alcançando cada criança: O crescimento do ‘dia da limonada’

- Shameless Self Promotion: 20 universidades foram convidadas a apresentar, em 2 minutos, o que de melhor estão fazendo (Fui convidado a falar da nossa experiência com o Innovation Challenge).

Como cada tema tinha 5 sessões, e eu apresentei em 3 delas, não pude ver a maioria das sessões diferentes das que eu fiz apresentação. Relato abaixo os pontos que achei de maior interesse:

- os CEs tem um grande compromisso com a sociedade no sentido de fomentar a iniciativa empreendedora como caminho para o desenvolvimento socioeconômico dos países.

- ha uma necessidade de estreitar as relações entre escolas de negocio e outras escolas como ciências ou tecnologia, pois é através delas que surgem as principais inovações aplicadas na forma de novos negócios. Estas parcerias, embora nascentes, tem maior potencial de gerar impacto positivo na economia, na forma de rápido crescimento e atendimento de necessidades emergentes.

- A maioria dos centros de empreendedorismo representados na conferencia vem de escolas de negócios, o interesse do consorcio é buscar novos membros de outras áreas.

- Embora a maioria dos centros representados seja financiada por fundos de endowment, os recursos disponíveis são escassos e eles também lutam para conseguir recursos para a realização de eventos. Às vezes o centro não recebe fundos, mas eles conseguem patrocínio para cadeiras de empreendedorismo ou programas independentes.

- Alguns centros se deram conta que não adianta mais lançar novos cursos, pois já existe oferta em demasiado (cursos de empreendedorismo em minorias, empreendedorismo internacional, empreendedorismo juvenil, solopreneur, empreendedorismo feminino, entrepreneurship through acquisition, etc) o que eles acreditam é que devem focar agora em desenvolver melhores técnicas de ensino que vão além do conteúdo para formar empreendedores, ou seja, melhorar o que tem.

- Alguns centros estão sendo bem sucedidos em programas de internships e peer mentoring com empreendedores, alguns inclusive com alumni empreendedores. Afirmaram que é fundamental estabelecer métricas observáveis do aprendizado do aluno em iniciativas desta natureza.

- A Kent State divulgou o Entrepreneurship Education Consortium, que reúne 9 universidades da região do NE de Ohio. A formação de consórcios regionais é uma forma de compensar o tamanho pequeno de cada universidade.

- Boot Camps estão ficando cada vez mais comuns também. Trata-se de um programa de imersão que pode durar de 1 dia a 1 semana, na qual os alunos ficam em um lugar fora do campus e, além de aulas de projetos em grupo, recebem também palestrantes empreendedores.

- Alguns centros localizados no interior do país, em cidades que precisam retomar o ciclo econômico pós-crise, tem o desafio de manter os jovens na cidade/região e para isso, recebem apoio das prefeituras locais para disseminar a cultura empreendedora e dão apoio para incentivar os jovens a continuar na cidade por meio da iniciativa empreendedora.

- Stanford (Business School e não a STVP do REE) atua principalmente nos cursos de MBA. As aulas são sempre conduzidas por uma dupla formada por um empreendedor/investidor bem sucedido e um tennure track faculty.

- Um dos debates quentes foi sobre o ensino de técnicas de vendas. Embora os centros tenham plena convicção da importância de dar esta formação aos futuros empreendedores, nem os alunos se interessam pelo tema e nem os professores reconhecem esta necessidade. Existe um preconceito generalizado sobre vendas. Um dos presentes disse que resolveu o problema acrescentando apenas uma palavra ao título do curso: Strategic selling.

- Outro debate controverso foi sobre um centro que lançou um curso de empreendedorismo só para mulheres. Muitos não conseguiam entender a necessidade de um curso só para mulheres pois não entendiam porque existe diferença de gênero ao tratar do tema empreendedorismo. Os argumentos a professora não convenceram a audiência.

- Embora a maioria das escolas estejam organizando competições de planos de negócios, ou tem a intenção de começar, algumas declararam que não estão mais fazendo, pois a qualidade dos planos gerados por alunos da graduação se mostraram imaturos demais para justificar uma competição e acreditam que o processo deve maturar mais antes de começar uma competição interna. Outros alegaram que a própria competição, com o tempo, proporciona esta maturidade. Alguns declararam que transformaram a competição de planos de negócios em uma ‘batalha de conceitos de negócios’ apenas, pois é mais fácil para o aluno.

- Dentre as técnicas de ensino, destacou-se um professor que mostrou como usa o teatro para desinibir os alunos. O curso tem uma semana, os alunos escrevem o roteiro, ensaiam e atuam. Além do trabalho em grupo, eles aprendem a criar, a desempenhar um papel e a lidar com circunstâncias limitadoras.

- Dentre as iniciativas cross campus, a maioria das apresentações citavam outreach programs, como palestras, seminários, conferencias e workshops de natureza interdisciplinar, como empreendedorismo em health care, franquias em industrias criativas, empreendimentos em artes, etc.

- Uma das apresentações trouxe um estudo da South Florida sobre as atividades de CEs com mais efeitos positivos, das quais se destacam: Mescla de professores de empreendedorismo com empreendedores nas aulas, cursos comuns cross campus, públicos heterogêneos (graduandos com MBA). Educação empreendedora como parte da missão da universidade, oferta de dupla titulação, boot camps, incubadoras e estágio.

- Berkeley, com seus 36 mil alunos, falou sobre suas várias competições, que vão de planos de negócios em trilhas diferentes, IdeaFest que está vinculado com um curso, Ideas@cal exclusivamente para equipes multidisciplinares, competições de pitching, o Global Social Venture Challenge só para empreendedorismo social e o Intel Berkeley Tech Competition só para negócios de tecnologia.

- A maioria das business schools com centro de empreendedorismo oferece um major em empreendedorismo, algumas oferecem um minor em empreendedorismo, mas geralmente é para alunos de fora da escola de negócios.

- Rice também falou das suas competições de planos de negócios, dando ênfase a uma delas que acontece em ambiente 100% virtual, através de uma plataforma desenvolvida em conjunto com a Kauffman Foundation, chamada i-start.

- Rice também apresentou um estudo feito com os competidores na qual identificaram o que foi mais importante no BP (educação, mentoria e fundos levantados) e onde mais aprenderam (sessão de feedback, rodada online e rodada seminfinal). Disseram ainda que 56% dos respondenrtes alegaram ter feito mais de 7 contatos de negócios relevantes após a competição.

- Nas discussões sobre pesquisa e ensino de empreendedorismo, notamos que os CEs tem papel fundamental na pesquisa, pois estão bem no meio dos dados empíricos e que só precisam agrupá-los e organizá-los para servir aos propósitos da pesquisa. Os CEs devem cumprir o papel de servir como ponte entre o pesquisador e o practitioner.

- Foi de comum acordo que uma das principais conclusões da sessão foi a de que, se não incentivarmos a pesquisa, a educação em empreendedorismo será falha e, para isso, as pesquisas em empreendedorismo deve ter caráter aplicado sempre.

- O outro grande desafio da pesquisa em empreendedorismo é a sua natureza multidisciplinar e complexa. Muitos pesquisadores não sabem que os CEs possuem material empírico relevante e muitos CEs não estão vinculados a centros de estudos e esta ponte precisa ser construída.

Em resumo, o Cemp não está muito distante do que as grandes universidades americanas estão fazendo para fomentar a cultura empreendedora. Elas são maiores e mais complexas, mas as iniciativas, guardadas as proporções, são muito similares. O ambiente que fomenta a troca é muito saudável e rico, existe uma predisposição inerente aos diretores dos centros de procurar trocar suas experiências com as outras escolas, pois elas sabem que todas saem ganhando com estes intercâmbios.

Grande abraço a todos

http://www.arquivos.insper.edu.br/assinatura/images/Insper_com_assinatura_170x76.gif

Marcos Hashimoto
Centro de Empreendedorismo

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